quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Kuchisake Onna: A Lenda da Mulher da Boca Rasgada

A lenda de "Kuchisake Onna" ou Mulher da Boca Rasgada, conta a história de uma mulher que pergunta para suas vítimas se é bonita, e, ao obter a resposta, mata a pessoa. É a mais famosa lenda urbana do Japão!

Assombrados, atendendo a muitos pedidos trazemos um mega especial sobre a lenda urbana mais famosa do Japão e também uma das mais famosas aqui no Brasil. Neste post também trazemos para você o filme completo de onde são tiradas quase todas as fotos publicadas com a lenda aqui no Brasil :)

A Lenda

Nas proximidade de uma certa escola primária, durante o percurso de volta à casa, uma mulher vestida com um longo casaco vermelho aborda um estudante de tenra idade, perguntando:

-Você me acha bonita?

A mulher estava usando uma máscara contra gripe e mesmo assim, o estudante achou ela mais ou menos bonita e lhe respondeu:

-Sim, você é bonita.

De repente, a mulher remove sua máscara e torna a perguntar, agora aos gritos:

-Mesmo assim, você ainda me acha bonita?!

A mulher tinha a boca rasgada, com um corte de orelha a orelha e de dentro do seu casaco vermelho, ela saca uma foice e começa a perseguir o garoto.

O estudante morto de medo tenta fugir, mas a mulher corre inacreditavelmente rápido.

Ela alcançou o menino, prendeu ele com uma chave de braço, enfiou a lâmina da foice na sua boca e lhe fez um corte de orelha a orelha.

O texto acima é uma das versões mais conhecidas das numerosas variações da lenda urbana de "Kuchisake Onna" ou "A mulher da boca rasgada" a "lenda urbana-mor" do Japão que ao mesmo tempo, é a mais fundamental das lendas urbanas japonesas modernas.

A lenda de "Kuchisake Onna" trata sobre uma mulher que se converteu em um Youkai (duende, entidade, monstro), que se vinga perguntando para suas vítimas se é bonita, as quais ao lhe responder, são posteriormente assassinadas por ela.

Características 

- Muitos relatos convergem para um descrição em que a criatura usa um casaco vermelho, aparentemente, para não tomar um banho de sangue de suas vítimas.

- Há outros relatos em que ela é descrita usando roupa branca.

- Jovem, com aproximadamente 20 ou 25 anos.

- Enquanto usa máscara, é aparentemente bonita.

- Extremamente rápida percorrendo a distância de 100 metros em 6 segundos. Em outros relatos, calculam que seria capaz de percorrer essa distância em 3 segundos e ainda, um caso em que teria ultrapassado uma moto da polícia em alta velocidade.

- Geralmente usa uma foice de mão, mas há relatos contando que usaria uma navalha, uma tesoura, um podão de jardinagem ou até mesmo um machado.

Origem Moderna: O site umaibo, espinha dorsal deste artigo, destaca que a mais famosa origem moderna da lenda, seria a da província de Gifu, que teria causado surtos de histeria em escolas no mês de dezembro de 1978. Inicialmente, esta lenda urbana começou a tomar forma e se popularizar nos anos de 1979, 1980 (segundo um registro de um jornal local, a lenda teria se popularizado em dezembro de 1978).

Das várias versões para a origem da lenda, acredita-se que uma senhora da região de Minokamo, dedicada além do comum com a educação de seus filhos, tenha sido a modelo base da lenda na província de Gifu. Acredita-se também, que a lenda usou como base, os pais que não podiam enviar seus filhos à escola privada por questões econômicas na província de Aichi e proximidades.

 Os registros mais antigos apontam que em Mino Gujohan (Atualmente Vila de Yahata, cidade de Gujo, província de Gifu) no ano de 1754, agricultores se amotinaram contra um senhor feudal resultando em um massacre de camponeses, cujo ressentimento das vítimas, principalmente da aldeia de Hakuchou (Atualmente cidade de Gujo) onde houve o maior número de mortos, acabou por gerar um ser mítico e vingativo, moldando-se mais tarde na "lenda da mulher da boca rasgada".

No ano de 1745, após o período Edo e antes do período Meiji, ou seja, uma época em que ainda haviam Shoguns, houve o caso real de uma mulher chamada Otsuya da cidade de Shigaraki na província de Shiga, sendo apontada pela maioria das fontes como a origem dessa lenda.

Contam que essa mulher teria se preparado para realizar o ritual de maldição "Ushi no koku mairi, se vestindo de branco e segurando nos dentes, uma cenoura vermelha "Kintoki" em forma de meia-lua, que daria a impressão de que sua boca estaria rasgada. Alguém a teria testemunhado realizando o ritual maldito e como reza a sua regra máxima, a de matar qualquer testemunha, ela teria perseguido essa pessoa e matado-a. A história teria caído no esquecimento por vários anos e retornado na forma da "lenda da mulher da boca rasgada" no ano 53 da era Showa (1978).

A "Mulher misteriosa de Yoshiwara" do "Livro ilustrado de Saya Shigure" de autoria de Hayami shungyousai 

Apesar das suas origens antigas, não faltam novas versões e "releituras" por parte de alunos de escolas, autores de livros, mangás e internautas, até porque lendas assim caem no gosto dos jovens que adicionam novas "regras" ao mito. As versões mais populares distorcem ou ignoram completamente as suas origens de tempos feudais, adicionando um frescor moderno à mirabolante lenda.

Primeira versão: A mulher da boca rasgada seria a irmã caçula de três irmãs. As duas irmãs maiores teriam se submetido com sucesso à cirurgias plásticas, porém, apenas a cirurgia plástica dela, não teria dado certo. Durante a operação, o cirurgião plástico usava muita brilhantina no cabelo (produto chamado de "Pomado" no japão) e por esse motivo, ela detestaria esse produto e a simples menção da palavra "Pomado" seria suficiente para afastá-la.

 A irmã mais velha teria se submetido a uma cirurgia plástica que não deu certo. A irmã do meio se envolveu em um acidente e teve sua  boca rasgada e a caçula, em um acesso de loucura, teria rasgado a boca com as próprias mãos. Nessa versão as três irmãs possuem a boca rasgada.

 Ela teria rasgado a boca em um acidente por sua própria falta de atenção.

Como dito acima, na versão em que o médico emplastava os cabelos com brilhantina ("Pomado"), esse produto causaria ao monstro uma repulsa extrema. Por isso, bastaria gritar:  três vezes e sair correndo como se não houvesse amanhã para se ver livre do monstro.

Existe a versão em que o mostro perderia o foco enquanto se deliciaria com certos alimentos, permitindo a fuga nesse ínterim. O mais conhecido é o", um tipo de pirulito de açúcar queimado. Na época em que a lenda estava em voga, por volta da década de 1980, inúmeras crianças passaram a contrabandear nas escolas tais pirulitos, fato severamente punido pelos professores.

Com menor preferência, a criatura também teria um certo apreço por "Kuro ame", um tipo de bala preta de açúcar mascavo e pelo célebre pirulito espanhol Chupa Chups, massivamente comercializado no Japão.

No município de Kouriyama, província de Fukushima e na cidade de Hiratsuka, província de Kanagawa, houveram distúrbios, verdadeiras histerias coletivas, supostamente provocadas por uma entidade que estaria rondando às escolas chegando a envolver o acionamento de carros patrulha da polícia.

No final da década de 1980, na cidade de Kushiro, Hokkaidou, houve um acesso de pânico nos estudantes de uma escola, e estes debandaram espavoridos rumo as suas casas.

Em todo o país, houve a colagem de cartazes com instruções especiais nas escolas (no qual, tais cartazes de alerta, mantidos pelos próprios alunos, tinham a finalidade de informar, mas causavam muita reclamação pela sujeira nas escolas) e de alerta, semelhantes a cartazes de "procurado" da polícia japonesa.

Também em todo o país, houve o caso dos pirulitos contrabandeados pelos estudantes mencionado acima, se tornando um problema geral da nação, potencializado pela mídia na época. Por questões de disciplina, saúde e higiene, tais doces são proibidos na maioria das escolas, principalmente ao serem descartados em qualquer lugar gerando lixo.

Cartaz de advertência colado pelos alunos, semelhante aos da polícia.

A maquiagem de Miki Mizuno chamou tanta
a atenção que foi parar na capa de jornais- Kuchisake-onna Returns (2012). Clique aqui para ver completo no Youtube.

Produção de 2007, foi baseado em fatos reais, já que toma como base um incidente ocorrido em janeiro de 1979, na localidade rural de Yaotsu, município de Kamo, província de Gifu e noticiado pelos jornais da época que contaram como

A atriz Miki Mizuno foi tão bem caracterizada com maquiagem especial para o filme

Que foi parar nas primeiras páginas de jornais japoneses, ao passo que se tornou a imagem por excelência em incontáveis postagens pela web mundial sempre que o assunto trate deste tema. A atriz recebeu uma máscara de silicone, maquiagem, lentes de contato e peruca. Um dado curioso é que Miki Mizuno solicitou o papel da personagem do filme com veemência, quando a produção ainda estava no estágio de esboço. A imagem da bela mulher de olhos claros, cabelos negros e com a boca desfigurada, precede a atriz fazendo com que sua face se torne um dos rostos japoneses mais vistos e conhecidos de todos os tempos. A modesta produção cinematográfica, repercutiu ao trazer de volta um mito antigo, convertido em lenda urbana moderna e novamente causou um furor midiático notável em tempos recentes.

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